Pequim tem intensificado a sua campanha de recrutamento de antigos pilotos ocidentais, seduzidos pelos enormes salários prometidos. Prática pode levar a problemas com a justiça
Cada vez mais militares e ex-membros das forças armadas de países ocidentais estão a treinar pilotos de caça chineses, atraídos pelos bons salários. Mas não o devem fazer, alertam algumas potências.
O aviso foi dado da coligação de partilha de informações secretas “Five Eyes” (“Cinco Olhos”), que junta EUA, Reino Unido, Canadá e Austrália e Nova Zelândia. Numa newsletter, citada pelo The New York Times, esta aliança afirma que o Exército de Libertação Popular (ELP) da China está a tentar aproveitar “as capacidades e a experiência destes indivíduos” para melhorar as qualidades da sua força aérea.
“Para ultrapassar as suas deficiências, o Exército Popular de Libertação da China tem vindo a recrutar agressivamente talentos militares ocidentais para treinar os seus aviadores, recorrendo a empresas privadas de todo o mundo que escondem as suas ligações ao EPL e oferecem aos recrutas salários exorbitantes”, afirma Michael C. Casey, diretor do Centro Americano de Contrainformação e Segurança, à publicação americana.
Estas deficiências, explica o jornal, prendem-se com a incapacidade dos pilotos de caça chineses voarem os mais recentes e mais avançados aviões de combate desenvolvidos pela China.
Os aliados alertam também que esta campanha de recrutamento de militares ocidentais está a intensificar-se. Estima-se que, atualmente, haja dezenas de antigos militares ocidentais a treinar pilotos chineses. O The New York Times escreve que 30 pilotos britânicos, três canadianos, sete neozelandeses e ainda um grupo de alemães foram acusados de colocarem a sua experiência ao serviço das forças armadas chinesas.
Treinar pilotos chineses pode trazer consequências judiciais. Os Estados Unidos, que proíbem os seus soldados de treinar forças estrangeiras sem permissão do governo, está a tentar trazer de volta para o país o antigo piloto Daniel Duggan, acusado em 2017 por este crime. Duggan está atualmente na Austrália, onde foi detido em 2022, a tentar evitar a extradição para o país natal.
Autor e foto: CNN Portugal.
Tags: internacional
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